PRR – Recuperar Portugal

Bombeiros Voluntários de Baltar

Ser bombeiro não é fácil, sobretudo quando o verão em Portugal é fustigado por milhares de incêndios rurais todos os anos. Apesar de 2023 ter sido um período mais “amigável” para as corporações de bombeiros no país, ainda em 2022, segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Portugal perdeu 110 mil hectares de florestas para as chamas: é o pior registo desde o ano de 2017, marcado pelos incêndios de Pedrógão Grande.

Entre civis, bombeiros e demais profissionais de socorro, as histórias de vidas perdidas em incêndios acumulam-se. E urge, cada vez mais, a valorização do serviço prestado pelas variadas corporações de bombeiros voluntários espalhadas pelo território nacional. “Todo o apoio que venha, quer do Estado, quer da União Europeia, é muito importante para nós, e o PRR surgiu como uma boa oportunidade”, realça José Alberto Sousa.

O presidente da Direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Baltar refere que esta corporação, sediada no concelho de Paredes, serve cerca de 18 mil pessoas, num raio geográfico onde “os incêndios rurais são muito comuns” , e cuja “zona florestal integra também as Serras do Porto”. No total, são 105 bombeiros – dos quais 17 são profissionais -, que precisam de “105 pares de botas, 105 calças, 105 casacos”. Para equipar quem combate as chamas, o investimento acaba por ser “muitíssimo grande todos os anos”, admite José Alberto Sousa, para quem a vida de um bombeiro não pode ter um preço e deve ser sempre o mais salvaguardada possível.


Figura 1: José Alberto Sousa, Presidente da AHBVB

O papel deste corpo de bombeiros é fulcral, nomeadamente com o seu heliporto como estrutura fundamental na atuação de primeira linha sobre os fogos florestais. “Neste quartel também ficam sediados, no nosso heliporto, os GIPS – o Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro da GNR -, que se deslocam de helicóptero no distrito do Porto para a primeira intervenção, para que os focos de incêndio não progridam e não se transformem num grande incêndio. É aqui, desta infraestrutura, que sai o combate aéreo aos fogos florestais. É um ponto verdadeiramente importante”, explica, orgulhoso, o presidente dos Bombeiros Voluntários de Baltar.

É nesse sentido que se torna fundamental a candidatura a variados tipos de apoios, nomeadamente os do Plano de Recuperação e Resiliência. “Os equipamentos dos bombeiros têm tido uma evolução muitíssimo grande ao longo do tempo. Se não houver um apoio municipal, estatal ou internacional, nós, com os nossos próprios meios, teremos muita dificuldade em substituí-los ou melhorá-los”, reforça, denotando a importância deste programa incluir linhas de financiamento para os bombeiros.


Figura 2: EPIs usados pelos bombeiros nos teatros de operações

A reforma do sistema de prevenção e combate a incêndios, inserida no programa “MAIS Floresta” – proveniente, por sua vez, dos fundos comunitários do PRR -, prevê o aumento da capacidade de resposta operacional dos corpos de bombeiros. Essa mesma submedida, com um investimento máximo de perto de 6 milhões de euros, é destinada a proteger aqueles que entram nos teatros de operações, com a disponibilização de equipamentos de proteção individual (EPI). Nesse sentido, a corporação de Bombeiros Voluntários de Baltar receberá 10 fatos de proteção florestal, cinco capuzes de proteção florestal, cinco pares de botas florestais, 10 camisolas interiores e cinco pares de luvas florestais, material imprescindível a um combate mais seguro aos incêndios rurais.

Com este apoio se nota a importância estratégica do PRR como motor de mudança das políticas florestais nacionais, com impacto na vida de todos, em particular dos bombeiros que se configuram como um dos mais importantes ativos de Proteção Civil do país.

Nos últimos anos, o presidente dos Bombeiros Voluntários de Baltar destaca existir um “grande desenvolvimento”, sobretudo tecnológico, no que toca ao combate aos fogos florestais. Logo, o acesso ou a capacidade de aquisição de “meios imprescindíveis” – como equipamentos de proteção individual, viaturas modernizadas, mangueiras – dá ainda mais ênfase à necessidade de apoio àquele que José Alberto Sousa considera ser o pilar da Proteção Civil em Portugal.

“A estrutura de Proteção Civil está sempre baseada nos corpos de bombeiros, porque a maioria das câmaras municipais não têm estrutura. Este tipo de financiamentos para a aquisição de equipamentos e de proteção individual para os bombeiros são essenciais, porque nós não nos conseguimos modernizar se não houver um apoio externo à própria associação. É muito importante que as estruturas políticas tenham visto aqui uma prioridade para a disponibilização de fundos”, sublinha.

No entanto, José Alberto Sousa nota que, a par da sofisticação tecnológica, há outra componente preponderante e que tem evoluído no combate aos incêndios: “A formação é fundamental para que os bombeiros, perante uma catástrofe, um acidente, um incêndio, saibam perfeitamente o que é que têm de fazer, como é que têm de se proteger”, frisa o presidente.

É no campo educativo que os Bombeiros Voluntários de Baltar adotam outra função estratégica nesta região do país. Para além do heliporto, a corporação tem uma “unidade local de formação da escola nacional de bombeiros”. “Todos os bombeiros do distrito do Porto, no combate a fogos florestais, têm formação nas nossas instalações”, conta, com uma expressão de ânimo, José Alberto Sousa.

No cimo do monte, com vista para as povoações e florestas que a rodeiam, a corporação dos Bombeiros Voluntários de Baltar mantém-se alerta às necessidades da região. Seja pelo ar, seja em terra, a missão passa sempre por proteger as pessoas e o meio ambiente, sem nunca descuidar a proteção daqueles que salvam vidas. E é neste âmbito que o PRR está também a mudar o país, permitindo investir naqueles que todos os dias dão o seu tempo e a sua dedicação a proteger pessoas e bens.

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