Caroços de azeitona, cascas de laranja, podas de videira ou pó de café estão a ganhar nova vida no projeto BioShoes4All, que pretende incorporar estes resíduos no calçado português. Com um investimento de 60 milhões de euros, dos quais 40 milhões são financiados pelo PRR, esta Agenda Mobilizadora junta 70 entidades, entre empresas e 20 entidades científicas e tecnológicas, associações, universidades, etc. Um projeto que pretende acelerar a transição do cluster do calçado para a bioeconomia e a economia circular.
Dos resíduos que até aqui não apresentavam valor, são agora extraídos compostos que podem ser aplicados no tratamento de peles ou em componentes como palmilhas, garantindo calçado sustentável e resistente. O projeto quer ainda desenvolver soluções para diferentes públicos — adultos, crianças ou seniores — e estuda formas de tornar o produto reciclável, sem comprometer a sua durabilidade.
Apresentado na feira internacional MICAM, em Milão, o BioShoes4All despertou o interesse de clientes europeus e não europeus e já prepara novos desenvolvimentos, incluindo a utilização de subprodutos marinhos. O projeto assenta em cinco pilares — biomateriais, calçado ecológico, economia circular, tecnologias avançadas de produção e formação e promoção — e prevê o lançamento de 20 linhas-piloto industriais, a criação de 50 novos produtos e a publicação de dezenas de artigos científicos.
Com o apoio do PRR, o BioShoes4All reforça a capacidade de inovação e competitividade da indústria portuguesa do calçado, que em 2024 exportou mais de 68 milhões de pares de sapatos para mais de 170 países.